O RÁDIO DE GALENA


O rádio de galena é um dos receptores mais simples de modulação AM que se pode construir. Ele utiliza as propriedades semicondutoras do mineral galena, um dos primeiros semicondutores utilizados, ou seja, antes do germânio e silício. Ele demanda uma antena de grande extensão (tipicamente 15 m de fio cru, um circuito ressonante formado por uma bobina em um capacitor, em que um deles é variável, sintonizado na freqüência AM de interesse, passando por um circuito retificador (formado pelo diodo de galena) associado com um circuito "passa-baixa" do tipo RC (resistor-capacitor) que filtra as altas freqüências. O sinal sintonizado, retificado e filtrado é transmitido diretamente à um transdutor de altaimpedância do tipo transdutor de cristal como monofone (alto-falante). O rádio de galena não necessita de fonte de energia para produzir som audível no monofone pois toda a energia é captada pela antena de grandes dimensões, tipicamente de 1/2, 1/4 e 1/8 do comprimento de onda a ser sintonizado.

A pedra de galena tem a função de separar a radiofrequência da parte de modulação, fazendo com que chegue ao fone de ouvido somente o áudio. Quando havia só uma estação transmitindo não havia necessidade de sintonizar a frequência. Posteriormente foi acrescentado ao circuito um capacitor variável e uma bobina que conseguiam sintonizar mais de uma emissora.

NO BRASIL
Os pioneiros radioescutas do mundo todo, inclusive os brasileiros nas décadas de 20 e 30, conheceram as audições radiofônicas através dos galenas, receptores elementares, na maioria de fabricação caseira. Bem mais tarde, surgiram os alto-falantes que, por sua vez, eram cornetas de som, no mesmo estilo das antigas vitrolas e, posteriormente, embutidos nos receptores.

Até o ano de 1924 a posse de um radinho de galena era contravenção. A prática de recepções radiofônicas no Brasil teve início com o emprego de um pequeno aparelho denominado “GALENA”, constituído de um fragmento desse minério, uma bobina e mais um fio de cobre denominado “bigode de gato”. Sua utilização, entretanto, era proibida pela Lei nº. 3.296, de 10 de julho de 1918, primeiro diploma legal que disciplinou os Serviços de Radiotelegrafia e Radiotelefonia, considerados privativos do Governo Federal.

A vigilância exercida pela Repartição Geral dos Telégrafos, órgão encarregado de fiscalizar o cumprimento da Lei nº. 3.296, levava seus prepostos a apreenderem os “miseráveis galenas”, na expressão de Roquette Pinto. Todavia, seu uso passou em pouco tempo a se expandir clandestinamente no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, sendo instalado até mesmo em automóveis, surgindo o que se chamou de “verdadeira radiomania”.

J. V. Pareto Neto, estudioso das nossas telecomunicações, em artigo publicado na vitoriosa Revista Antenna, fundada por Elba Dias e dirigida por muitos anos por Gilberto Affonso Pena, lembrou que os receptores de galena eram de difícil obtenção e não havia fones. As revistas francesas que aqui chegavam na época ensinavam como construí-los e, por isso mesmo, eram disputadas pelos interessados.

O uso do rádio-galena deixou de ser contravenção a partir de 5 de novembro de 1924, com a assinatura do Decreto nº. 16.657, permitindo a qualquer pessoa, mesmo estrangeira, instalar estações meramente receptoras, comprometendo-se o interessado a guardar sigilo absoluto “de toda correspondência rádio-telefônica porventura interceptada pelo seu posto de recepção a ser instalado em sua residência".



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